segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Eu não escrevo

Eu não escrevo.
Deixo a tinta correr livre
nas páginas do meu sentir.
Mas eu não sinto.
Apenas fecho os olhos e escrevo no papel.
Um dia, vou experimentar
fechar os olhos
e sentir e escrever.
Não sei o que dali sairá
mas também...
eu não quero saber.
Porque haveria de querer?
As palavras perdem sentido
Os grafemas desfocam-se no tempo
até o papel se afarinha,
definha no escombro poeirento.
Recordações?
Recordações levam-nas o vento.
Leio-me, traduzo e interpreto
mas em mim não cabe alfabeto
e a Língua, a língua é molhada
na folha não se iria perceber nada.
Acaricio-te os lábios,
prefiro assim.

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