segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Dois bancos de jardim

                                               *Nuno Videira










Sentado num tendente curvar na vida
Com seus cabelos a revelarem sabedoria
Na face um atributo do tempo
Nas mãos, um suscitar de pensamento

Um olhar que no nada muito revela
Com a pele que manifesta experiência
Exposição, um colorir de chocolate
Acaricia a flacidez que outrora revelou resistência

Mas resiste ainda, faltando um quê de algo
Gira o vulto, o mesmo sentir
Perante a contemplação que observa surgir

Gostava, querida pessoa desconhecida
De sentar a teu lado, perguntar como vai a vida
Passar-te a mão pelo rosto e
saber se almoçaste, se estava boa a comida

Continuas abstraído de mim
Mas cruzas os dedos, procuras apego
O que terás para me ensinar?
Neste tempo, neste lugar

Gosto de ti, tão simples quanto isso
Não pelo que és, mas porque és

Um soslaio visual de cautela
E ao mesmo tempo, um descanso sem medo
Pode haver um "ele", pode haver uma "ela"
Ma sabes o que vales em segredo

Como te queria falar
Agora mais que te vejo partir
Mãos nos bolsos a procurar outro canto
Na descoberta de qualquer cântico que desejas ouvir

Gosto de ti
Não te conheço
Só gosto de ti

Sem comentários:

Enviar um comentário