domingo, 27 de dezembro de 2009

Silenciei-me em falas mansas

Silenciei-me em falas mansas
Num jeito de abandono
E para afastar sinais de entono
Entreguei-me às semelhanças
Olvidei a maiêutica inflamada em mim

Pávida pela minha ausência
Perguntou a lua transviada
Porque estás tão calada?
Não te reconheço nessa indolência
Desaprovo que permaneças assim

Embaraçada, verticalizei meu vulto
Hesitante, despertei o âmago adormecido
O boémio, que na noite anterior tinha saído
Embriagou-se, por isso estava tão estulto
Aparvalhámo-nos os dois, enfim

De seguida, olhei-o, enternecida
Reconheço-lhe os traços no rosto
Os ideais espalhados no gosto
Na epiderme, espelhadas as marcas da vida
Conheço-o no seu mais remoto confim

Recompus-me, estava na hora!
Falei embevecida no entusiasmo
Fui eu e ele, meu âmago vasto
Quem nos silencia se cala agora
Afinal, no não reside o valor do sim

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